História & Estórias

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O TEMPO E A VIDA !…

O tempo é como um rio! Corre e corre continuamente! Passa e não para, pelo que não se consegue tocar na mesma água mais que uma vez. Ela passou e não voltará a passar. O tempo foi-se e não virá de novo!

A vida é como uma peça de teatro, mas sem ensaios! Temos, então, de a vivenciar, sentir com vigor o presente e aproveitar todos os minutos, todos os segundos: cantar, chorar, rir, dançar… e viver intensamente antes que a peça acabe e se feche a cortina!

Devemos, por isso, alicerçar o nosso dia a dia na vida, na família e nos amigos, porque a vida é curta, a família é única e os amigos são raros e especiais!

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“Conta-se que no século passado, um turista americano foi à cidade do Cairo no Egito, com o objetivo de visitar um famoso sábio. O turista ficou surpreso ao ver que o sábio morava num quartinho muito simples e cheio de livros. As únicas peças de mobília eram uma cama, uma mesa e um banco.

– Onde estão seus móveis? Perguntou o turista.
E o sábio, bem depressa olhou ao seu redor e perguntou também:
– E onde estão os seus…?
– Os meus?! Surpreendeu-se o turista. – Mas estou aqui só de passagem!
– Eu também…

“A vida na Terra é somente uma passagem… No entanto, alguns vivem como se fossem ficar aqui eternamente, e esquecem-se de ser felizes.” concluiu o sábio.”

Autor desconhecido

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Mas que coisa!!!…

Esta é uma ficha de trabalho que dou frequentemente aos meus alunos para que possam desenvolver e diversificar as competências a nível vocabular.


Lê atentamente a página do diário do João, que abaixo se transcreve. Nela, o João repete com insistência as palavras “coisa” e “coisas”.

A tua tarefa será reescrever esta página, fazendo as alterações possíveis de forma a evitar tantas repetições.

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“- Mas que coisa!!! Estou atrasado outra vez!!!

Visto-me a correr, e saio sem comer nada, pois a coisa das torradas estava avariada.

A viagem de minha casa até ao escritório continua a mesma coisa: trânsito muito lento, muitas buzinas, parece que toda a gente está atrasada… Mas hoje a coisa esteve pior ainda, pois, com a CP em greve, toda a gente tirou o carro da garagem. Mas greve é coisa que não se discute.

Depois de 45 minutos, cheguei enfim ao escritório!

Entro discretamente, pouso as coisas na secretária, mas logo o chefe aproxima-se e diz:

– João, outra vez a mesma coisa? Não há maneira de chegares a horas! Ao menos se não deixasses amontoar tanta coisa na tua secretária! E não me venhas com coisas outra vez! Daqui para a frente as coisas têm que mudar radicalmente neste escritório. Ou és pontual, ou serás demitido.

Enquanto ouvia o discurso de sempre passaram-me umas coisas pela cabeça, mas resolvi ficar calado e não dizer nada… A coisa, hoje, está complicada para quem anda à procura de emprego!…

Agora chega de escrever nesta coisa. O dia chegou ao fim e, se Deus quiser, amanhã a coisa será diferente.”

UM SONHO BELO! – CONTO DO VERDE E DO AZUL

“Era uma vez ”, é como começam a maioria das estórias mas, a minha não começa assim, não! A minha estória é muito diferente!

Isto é no início de tudo, antes de tudo que se possa imaginar. Antes dos dragões e dos dinossauros, antes dos vulcões e até mesmo da terra. O universo era um espaço para descobrir e, os planetas eram porções de massa envolvidas em neblina, mistérios e receios.

Vou contar-vos a estória de dois planetas maravilhosos e, ao mesmo tempo muito diferentes. Esta é a história de Neptuza e Septuza.

dde5f03bafc58df6c1554ccc850544ebNeptuza era o planeta da água. Nele habitavam, não só as mais lendárias e temidas criaturas, como também as falaciosas sereias e tritões e ainda os animais e as plantas aquáticas que hoje partilham os nossos mares e nossos rios. Lá, não se vivenciava a adversidade e os seus habitantes viviam com grande satisfação. O azul de Neptuza era tal e qual a do céu e por vezes não se sabia onde começava um e acabava outro. As algas verdes tinham um movimento baloiçante que pareciam dançar à luz dos corais multicolores. Havia muitos melodiosos e agradáveis sons, mas nenhum ruído era tão agradável como aquele que muitas vezes irrompia o silêncio e o sossego daquelas paragens, o maravilhoso riso das crianças que, ali e acolá, se divertiam com os seus jogos de crianças. Como em qualquer planeta as crianças usavam sempre a imaginação para criarem lindos e divertidos jogos.

Outro planeta com tal maravilha era Septuza que era o planeta do elemento terra. Erac6c89bbb22e96fa699d4913b23ef402c aqui que se podiam achar criaturas tão maravilhosas, ultra mágicas e super fantásticas que tudo faziam para proteger e aureolizar Septuza. Em cada bela flor poder-se-ia encontrar uma bela fada-flor do tamanho de borboletas com asas que guardavam todas as cores do arco-íris e suas primas, as fadas boas que tratavam de todas as criaturas com muito amor e respeito. Nas árvores, podíamos encontrar sábios duendes que eram como livros fechados à espera de serem lidos. Existiam mais criaturas e também animais mas, aquelas cujo nome era temido eram as fadas más. Tinham sido mandadas prender nas quentes celas do núcleo onde as suas maldades seriam travadas. Septuza era como uma gigantesca esmeralda verde e brilhante pintalgada de flores de todas as cores. Com o vento, as árvores pareciam bailar ao ritmo das valsas que as fadas e todos os seres encantadores tocavam e dançavam. As crianças, corriam de um lado para o outro, livres e leves como passarinhos, ora a esconder-se nos colos das fadas, ora nos troncos ocos das árvores da floresta clara que, recebia do sol os seus raios como calorosos abraços.

Conto-vos isto como já contei a outros mais que, me acharam mentirosa ou até mesmo maluca, mas não me importo! Penso que não se devem guardar sonhos tão belos como este só para nós!

                                                                                                  Fernand@maro

O PROBLEMA DE TENTAR AGRADAR A TODOS

O fim da arte inferior é agradar, o fim da arte média é elevar, o fim da arte superior é libertar.

Fernando Pessoa

O HOMEM, SEU FILHO E O BURRO

Um homem ia com o filho levar um burro para vender no mercado.
– O que você tem na cabeça para levar um burro estrada afora sem nada no lombo enquanto você se cansa? – disse um homem que passou por eles.
Ouvindo aquilo, o homem montou o filho no burro, e os três continuaram seu caminho
– Ô rapazinho preguiçoso, que vergonha deixar o seu pobre pai, um velho andar a pé enquanto vai montado! – disse outro homem com quem cruzaram.
O homem tirou o filho de cima do burro e montou ele mesmo. Passaram duas mulheres e uma disse para a outra:
– Olhe só que sujeito egoísta! Vai no burro e o filhinho a pé, coitado…
Ouvindo aquilo, o homem fez o menino montar no burro na frente dele. O primeiro viajante que apareceu na estrada perguntou ao homem:
– Esse burro é seu?
O homem disse que sim. O outro continuou:
– Pois não parece, pelo jeito como o senhor trata o bicho. Ora, o senhor é que devia carregar o burro em lugar de fazer com que ele carregasse duas pessoas.
Na mesma hora o homem amarrou as pernas do burro num pau, e lá se foram pai e filho aos tropeções carregando o animal para o mercado. Quando chegaram, todo mundo riu tanto que o homem, enfurecido, jogou o burro no rio, pegou o filho pelo braço e voltou para casa.
Moral: Quem quer agradar todo mundo no fim não agrada ninguém.

 

Fábulas de Esopo

 

NO MEU OLHAR

Está um calor abrasador. O céu está limpo e o sol brilha com enorme intensidade. A serenidade e a quietude da paisagem são quebradas, aqui e acolá pelo murmúrio da água que corre, a poucos metros, e pela orquestra da natureza que nos brinda com serenatas de paixão.

Percorro os poucos metros do estreito trilho que me faltam para atingir o objetivo. Chegar ao rio de águas frescas e cristalinas. Um espelho de água onde se reflete o azul radioso do céu e o verde intenso do arvoredo.

Instalo-me nas margens do rio, debaixo de um verdejante e frondoso salgueiro. Na sombra, o sol continua a queimar. Não tanto, mas continua, pelo que vou refrescar-me no rio. Nado, mergulho, salto e brinco com os peixes. Volto a saltar, nado no ar, brinco e flutuo na água e na luz, até o sol me tocar e me encantar.

Vou espraiar-me ao sol para secar mais depressa. Tenho a visão de uma flecha azul na superfície da água. Observo, com mais atenção e, apercebo-me que o  voo, rasante e direto, é de um guarda-rios, também conhecido por martinho-pescador, passa-rios, pica-peixe, entre outras designações. Reconheço-o pelo azul do dorso e das asas e pelo peito e ventre cor-de-laranja. A colorida, graciosa e ativa ave voa para o topo de um freixo e, ao mesmo tempo que saltita de ramo em ramo, depenica algo que trouxe das águas.

Lá, bem no alto, no céu azul, as nuvens espreguiçam-se e bocejam de mansinho. Sinto-me enternecer. Estou tranquila, leve e serena. Lembro-me, então do poema Alberto Caeiro:

O Meu Olhar Azul como o Céu

“O meu olhar azul como o céu
É calmo como a água ao sol.
É assim, azul e calmo,
Porque não interroga nem se espanta…
Se eu interrogasse e me espantasse
Não nasciam flores novas nos prados
Nem mudaria qualquer cousa no sol de modo a ele ficar mais belo…
(Mesmo se nascessem flores novas no prado
E se o sol mudasse para mais belo,
Eu sentiria menos flores no prado
E achava mais feio o sol…
Porque tudo é como é e assim é que é,
E eu aceito, e nem agradeço,
Para não parecer que penso nisso…)”

Alberto Caeiro, in “O Guardador de Rebanhos – Poema XXIII”

Estou com sono, vou dormir um pouco. Ouço ainda o concerto que o passarinho e os seus amiguinhos, acabados de chegar, me dão. Não consigo dormir. Não consigo parar de pensar no rio como um caminho infinito com os seus tons azulados e esverdeados, que me poderá levar numa viagem mágica, a cenários deslumbrantes e paradisíacos. Lugares com histórias e lendas de encantar envoltos em misticismo, lugares que nos renovam o espírito e nos inspiram a viver a vida com mais intensidade.

Caminho e aprecio a paisagem. A planície está magnífica. Vejo verde, verde e mais verde. Este verde que eu vejo está pincelado com as cores do arco-íris e pintalgado de flores encantadas. O seu aroma é tão divino que igual só por magia. Há árvores e mais árvores. Há uma que é diferente. Parece morta. Passo a mão pelo seu tronco. É grosso, rugoso, escuro e seco.

1455135_381490158653253_270778895_nSorrateiramente começam a surgir animais que também o almejam. Aparecem cágados, sapos, rãs, lontras, coelhos, lebres, borboletas, abelhas… Tudo começa a ficar com tons dourado, amarelo, laranja e vermelho. Cá está ele, o lusco-fusco. É lindo! A árvore parece renascer e dizer obrigado a todos nós por estarmos ali com ela.

Sabes, árvore? Eu invejo-te! Sim, tenho inveja de ti! Muitos homens anseiam ouro, prata, dinheiro, mas não sabem que tu tens algo mais valioso que isso. Exato, tu tens o rio e a paisagem, os aromas e as melodias, o alvorecer e o lusco-fusco e coração para sentir isto tudo

Fernand@maro