A
1 de maio de 1500, Pêro Vaz de Caminha, escrivão da armada de Pedro Álvares
Cabral, escreveu de Porto Seguro ao rei D. Manuel I, comunicando-lhe a
descoberta do Brasil. A armada chegou a Terras
de Vera Cruz, assim foram batizadas aquelas terras, mais tarde chamadas de
Brasil, a 22 de abril de 1500.
Desde
2005 este documento faz parte do Programa Memória do Mundo da Organização das
Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).
Este documento é de extrema importância para a História e cultura
portuguesas e mundiais, visto tratar-se uma verdadeira carta-narrativa, onde se
descreve a geografia, a fauna, a flora do Brasil, aspetos etnográficos dos
nativos (a aparência, a psicologia… dos Índios), bem como as experiências de contacto entre os dois povos e
culturas e as reações mútuas.
Carta de Pêro Vaz de Caminha a D. Manuel I
Sem dúvida que, a Carta do Achamento do Brasil é um documento essencial
para a compreensão do Renascimento português e da História do mundial.
Carta do Achamento do Brasil.
“Senhor, posto que o capitão-mor desta vossa frota, e assim os outros capitães, escrevam a Vossa Alteza a nova do achamento desta vossa terra nova, que nesta navegação agora se achou, não deixarei também de dar minha conta disso a Vossa Alteza (…) (…) do que hei de falar começo e digo: a partida de Belém, como Vossa Alteza sabe, foi segunda-feira, 9 de março. Sábado, 14 do dito mês, entre as oito e as nove horas, nos achamos entre as Canárias, mais perto da Grã-Canária, onde andamos todo aquele dia em calma, à vista delas, obra de três a quatro léguas (…) E assim seguimos nosso caminho por este mar, de longo, até que, terça-feira das Oitavas de Páscoa, que foram vinte e um dias de abril (…) topámos alguns sinais de terra, os quais eram muita quantidade de ervas compridas, a que os mareantes chamam botelho, assim como outras a que dão o nome de rabo-de-asno. E quarta-feira seguinte, pela manhã, topámos aves a que chamam fura-buxos. Neste dia, a horas de véspera, houvemos vista de terra! Primeiramente dum grande monte, mui alto e redondo; e doutras serras mais baixas ao sul dele; e de terra chã, com grandes arvoredos: ao monte alto o capitão pôs nome, o Monte Pascoal, e à terra, a Terra de Vera Cruz (…) Pela manhã fizemos vela e seguimos direitos à terra (…) avistámos homens que andavam pela praia. Afonso Lopes (…) meteu-se logo no batel e tomou dois deles. Um deles trazia um arco e seis ou sete flechas (…) Trouxe-os logo ao capitão em cuja nau foram recebidos com muito prazer e festim. A feição deles é serem pardos (…) avermelhados, de bons rostos e bons narizes (…) Andam nus (…) os seus cabelos são corredios (…) e um deles trazia uma espécie de cabeleira de penas de ave (…) O capitão (…) estava com um colar de oiro ao pescoço. Um deles pôs o olho no colar do capitão e começou de acenar com a mão para terra e depois para o colar como que nos dizendo que ali havia ouro. Também olhou para o castiçal de prata e assim mesmo acenava para terra (…) Mostraram-lhes um papagaio; tomaram-no logo na mão e acenaram para terra (…) Mostraram-lhes um carneiro; não fizeram caso. Mostraram-lhes uma galinha; quase tiveram medo dela (…) Estavam na praia (…) obra de 60 (…) Vieram logo para nós sem se esquivarem (…) Pareceu-me gente de tal inocência que se homem os entendesse e eles a nós seriam logo cristãos (…)”
Carta de Pero Vaz de Caminha (adaptação)
Fonte: Descoberta do Brasil (1500). In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013.
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